26 Avril 2025
“Mas Tomé disse-lhes: "Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei". 26 Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: "A paz esteja convosco". 27 Depois disse a Tomé: "Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel". 28 Tomé respondeu: "Meu Senhor e meu Deus!” (João 20, 25b-28)
Na Palavra de Deus, há o que está claramente escrito e expresso, e há os "não-ditos". Naquilo que é dito, encontra-se o essencial para a nossa vida de fé, e naquilo que está nos "não-ditos", há o que podemos contemplar através da nossa própria história. Por exemplo: o evangelho não diz por que Tomé duvidava. Não dá a razão. Mas esse "não-dito" nos faz compreender que a dúvida pode fazer parte do nosso caminho de fé. Não se trata de interpretar de maneira irresponsável o que está (ou não) no Evangelho, mas de ver que a nossa história com Cristo se escreve pouco a pouco, através de cada passo que damos em direção a Ele e com Ele.
Entre o Tomé que duvida e aquele que professa sua fé, passam-se oito dias. E aí encontramos um "não-dito". Não sabemos o que aconteceu durante esses oito dias. Podemos imaginar que os discípulos foram anunciar o Cristo, como Ele pediu. Mas Tomé permaneceu com suas perguntas. Ele precisou aprender a entrar em uma vida espiritual, isto é, na vida do Espírito, que renuncia ao materialismo e entra no reconhecimento gratuito. Jesus esperou para voltar a vê-los. Esse "não-dito" desses oito dias pode nos fazer imaginar que esse tempo foi o tempo de amadurecimento, o tempo em que as coisas encontram seus devidos lugares no coração. O tempo da misericórdia, em que o amor de Deus abre espaço para que o recebamos.
Esse tempo foi o tempo da vida. O tempo do crescimento, da preparação, do encontro. O tempo da aceitação, da acolhida. Nossa vida não se assemelha, às vezes, a esse tempo? E se Jesus não tivesse mais aparecido? Tomé teria que viver com suas perguntas. E se Jesus não tivesse mantido as marcas da paixão? Tomé teria que viver com suas perguntas. E nós, tal como somos hoje, quais são as nossas perguntas? Aquelas que, às vezes, nos impedem de crer? Queremos encontrar as respostas a qualquer custo ou estamos dispostos a aceitar que algumas perguntas não encontrarão respostas? E isso não significa que Cristo não está presente, que Ele não nos ama. Mas as perguntas sem respostas serão, para nós, um convite a entrar nessa vida espiritual, essa vida no Espírito, que não nos torna seres desencarnados, mas, ao contrário, essa vida no Espírito que nos permite viver plenamente nossa vida aqui na terra, com Esperança e confiança, pois o Cristo se dá a cada um de nós.
Benditos sejam os “não-ditos” que encontramos. Neles podemos escrever nossa própria história com o Senhor.