não muito longe da cruz já está a luz

Não muito longe da cruz já está a luz

Depois de ter tomado a última refeição com os seus discípulos, de lhes ter dado o novo mandamento e de ter lavado os seus pés, colocando-se no lugar de servo, Jesus parte com eles para o Jardim das Oliveiras. A ascensão dramática para a Paixão segue seu curso. E no silêncio da noite, são os passos de Judas que irrompem para, através de um gesto íntimo, o de um beijo, entregar seu amigo nas mãos dos soldados.

 

É à noite, durante uma refeição, que Jesus abre seu coração aos discípulos, e é à noite, em meio a um jardim, que Judas trai a confiança de Jesus. E a partir daí, tudo acelera. E a noite torna-se o véu sob o qual tudo vai acontecer. Ela torna-se a companheira de caminho de Jesus, como também pode ser a nossa. Mas há uma promessa: "meu servo será bem sucedido", o que parece ser o fim, não será. É necessário, no entanto, viver a travessia. Passar pela noite. Enfrentar a luta. Olhar além do que se pode ver. Deixar-se tocar pelo mistério.

 

Durante a ceia, Jesus tomou a toalha, sinal de serviço; durante a Paixão, ele tomará a Cruz, que se tornará sinal de Esperança. Na última ceia, Jesus derramará água, sinal de purificação. Durante a Paixão, ele derramará o seu sangue, sinal da nova Aliança. Se Jesus, na noite da quinta-feira santa, manifestou o seu amor e afeto aos discípulos, quando "a escuridão cobrir toda a terra" na Sexta-Feira Santa, pela sua Paixão e Morte, Jesus manifestará o seu amor a toda a humanidade, ou seja, a você e a mim, a cada um de nós.

 

Ele nos revela que o seu coração é transpassado para derramar sobre nós o seu amor que nos levanta, que nos devolve a esperança e a vida. Não, paradoxalmente, apesar das aparências, não celebramos a morte de Jesus, celebramos o poder da vida. Não celebramos o desespero, proclamamos a esperança. Mas em nosso caminho, em nossa subida para a luz da ressurreição, também há a travessia da noite, e diante disso, muitas vezes, somos chamados a fazer silêncio, a entrar na contemplação desse mistério. Somos chamados a atravessar as nossas próprias noites, os nossos próprios desertos. Mas agora sabemos, após o evento da cruz, que nenhuma noite é para sempre.

 

Podemos então olhar para a nossa existência com confiança e nos perguntar: Que noite estamos atravessando hoje? Que medos nos impedem de avançar? Que noites fomos capazes de atravessar em nossa vida até hoje? Que medos superamos?

 

O Senhor faz novas todas as coisas! Então, que ao contemplar a cruz, possamos depositar aos seus pés as nossas noites e os nossos medos! Mas também, possamos dar graças por todas as noites que atravessamos, por todos os medos que superamos! E, humildemente, peçamos ao Senhor crucificado que faça " novas todas as coisas " em nossa própria vida! E continuemos a nossa subida na esperança silenciosa que alimenta a nossa caminhada! Pois não muito longe da cruz já está a luz!

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