29º Domingo do Tempo Comum • Ano C | 2025

Pe. Emmanuel Albuquerque

Neste Domingo a Igreja nos recorda que todos nós somos chamados a ser missionários — não apenas por palavras, mas pelo testemunho de uma fé viva, perseverante e cheia de esperança. E justamente hoje, a liturgia nos fala da oração como o lugar onde essa fé nasce, cresce e se torna missão.

Há algumas semanas, os discípulos pediram a Jesus: “Senhor, aumenta a nossa fé!” e no Evangelho deste domingo encontramos esta pergunta de Jesus: “Mas o filho do Homem, quando vier, vai encontrar fé sobre a terra?” Que relação podemos encontrar entre esse pedido e essa pergunta? Vejamos:

O grande tema da liturgia de hoje é a oração. A primeira leitura nos apresenta a cena de Moisés com os braços erguidos enquanto o povo combate. Quando Moisés mantém as mãos levantadas, Israel vence; quando abaixa, os inimigos prevalecem. É a imagem viva da oração perseverante. Com um detalhe importante: Moisés se cansa, e então Arão e Hur o sustentam. O que este gesto pode nos ensinar? Que a oração, não é ato isolado; é comunhão, é fraternidade. Rezar é também deixar-se amparar pelos irmãos de caminhada, é reconhecer que precisamos uns dos outros.

No Evangelho, Jesus nos conta a parábola da viúva insistente e do juiz injusto. A viúva, frágil e sem poder, representa o povo que sofre, os pequenos que só têm Deus como solução. O juiz, ao contrário, simboliza a indiferença e o egoísmo. Mas é justamente a insistência da viúva, sua perseverança incansável, que acaba vencendo a resistência do juiz. Jesus nos ensina, com essa imagem, que a oração não é repetição vazia, mas confiança persistente; é o clamor de quem acredita que Deus escuta, mesmo quando tudo parece calado.

A oração, diz Jesus, deve ser contínua: “É preciso rezar sempre, sem jamais desistir.” Ela não muda Deus, mas muda o coração de quem reza. A oração amadurece em nós o olhar da fé — aquele que reconhece a presença de Deus no meio da vida, no cotidiano, nos gestos simples. Rezar é abrir espaço para que Deus nos transforme, para que Ele nos tire de nós mesmos e nos faça olhar além: para o outro, para o mundo, para a missão. Neste Dia das Missões, somos convidados a compreender que a oração é o primeiro ato missionário. A oração verdadeira não nos fecha em nós, mas faz-nos sair do comodismo e ir ao encontro do irmão. Percebemos os frutos da oração quando nos tornamos sinal do amor de Deus no mundo, porque a oração nos faz “mais divinos” e assim fazendo, nos torna mais humanos, mais fraternos, mais atentos às dores e esperanças do próximo.

E a pergunta de Jesus? “Quando o Filho do Homem vier, encontrará fé sobre a terra?” Essa é a grande questão. A fé que pedimos precisa ser uma fé que se traduz em vida, em missão, em perseverança. Não basta apenas crer; é preciso deixar que a fé se manifeste em gestos concretos, em compromisso, em oração constante e em fraternidade viva. Que a nossa oração nos tire de nós mesmos e nos envie aos outros. Assim, quando o Filho do Homem vier, Ele encontrará em nós uma fé viva, encarnada, perseverante — a fé que reza, a fé que age, a fé que evangeliza.

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