4 Mai 2025
Quando Jesus se apresenta aos seus discípulos pela terceira vez após sua ressurreição, Ele os encontra após uma noite cansativa. Uma noite de trabalho árduo, mas sem frutos. Como naquela primeira vez em que se encontraram à beira do lago, no início de Seu ministério público.
Ao chegar, Jesus não assume a postura do mestre que tudo sabe. Pelo contrário, coloca-se na posição de quem precisa de algo: “Meus filhos, vocês têm algo para comer?”
Ele lhes permite expressar a verdade sobre sua jornada, permite que digam o que viveram — permite que digam que sua pesca foi infrutífera. Ele dá espaço para que reconheçam sua própria realidade. Somente depois disso, Ele lhes indica onde lançar a rede. E é neste momento que O reconhecem.
Jesus lhes ensina que, para perceber Sua presença em nossas vidas, precisamos primeiro olhar para nossa própria vida. Enxergá-la como ela realmente é! Pois é no concreto da nossa existência que Deus se torna presente.
Depois, Jesus lhes oferece alimento. Cuida deles. Mas por que Ele lhes pede que lancem a rede mais uma vez? Para fazê-los entender que o amor com que são amados não é um amor que aprisiona, nem os torna dependentes, mas os faz livres e autônomos. É o amor à imagem de Cristo. E o amor, à imagem de Cristo, é um amor que torna livre, que permite ao outro ser e agir.
Foi ao compreender esse amor que Pedro, desta vez, não fugiu do olhar do Senhor.
De fato, depois de terem comido, Jesus se dirige a Pedro (chamando-o de Simão) para perguntar se ele O ama. Essa pergunta não revela um desejo afetivo, mas sim a urgência de amar, de mostrar a Pedro o amor pelo qual ele é amado.
Jesus deseja que Pedro compreenda que os três “não” que ele disse durante a Paixão não definem sua identidade. Seu erro não apagou a relação que haviam construído.
Então, Jesus mostra a Pedro que ele pode lançar a rede do outro lado, ou seja, ele pode recomeçar:
“Simão, tu me amas, verdadeiramente, mais do que estes?”
“Simão, tu me amas verdadeiramente?”
“Simão, tu me amas?”
Ele responde “sim”, três vezes.
E assim, ele percorre o caminho da cura, do perdão! Aquele que antes fora capaz de negar, agora é capaz de manifestar seu amor, sem culpa, renovado! E então, Pedro recebe sua missão e um novo chamado! Dessa vez, fundamentado na experiência de um amor que impulsiona, transforma e liberta!
É esse amor que o Senhor nos convida a viver.
Quantas vezes reduzimos os outros a seus erros? Quantas vezes esquecemos que o amor de Cristo nos transforma, se permitirmos que Ele nos transforme?
Este amor, incondicional, deve ser o alicerce de tudo o que vivemos, na Igreja, na nossa paroquia, comunidade, família...
Deixemos que Cristo nos olhe. Digamos a Ele que O amamos. Recebamos, mais uma vez, esse chamado que Ele nos dirige: “segue-me” e sigamos seus passos.